terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Noite de palmas, solidariedade e magia

Ontem na Luz foi uma delícia rever algumas antigas glórias vestidas com o Manto Sagrado. Certamente uns sentiram-no mais que outros, mas também os tempos eram diferentes, mas quem um dia jogou com tal Camisola Mítica jamais esquecerá a simbologia nela bordada e o significado da cor Vermelha, que um dia ganhou outro nome... Encarnada.
Ontem não interessava o resultado. Mesmo os golos sofridos pelo Benfica foram brindados com palmas... o jogo era aberto a todos os amantes do futebol, unidos numa causa solidária. Foram mais de 50mil espectadores na 1ª vez em que a ONU se associou a um Clube de futebol.
Da parte dos Amigos do Zidane... muitas estrelas encheram o relvado só com o driblar e outros que correram tão depressa que após três passadas ficavam num longínquo fora-de-jogo (Obikwelu), mas o que me levou à Luz não foram eles... foram os que um dia fizeram história ao vestir a Camisola do Sport Lisboa e Benfica.
No dia de São Eusébio relembrei um pouco da minha infância... foi um desfrutar dos tempos em que o meu pai me levava à bola. Os protagonistas eram alguns dos que vimos actuar há uns anos atrás. Como na Velhinha Catedral, ontem na Nova Catedral, o topo escolhido foi o Sul, a porta foi a 7. E ali estávamos nós, pai e filho, sentados lado a lado a comentar como eram os ídolos na altura e que apesar da idade, alguns, ainda mantinham o mesmo estilo a correr ou a desmarcar. Recordámos jogos... que ainda eram à tarde, golos e o tempo em que o meu pai não conseguia entrar no Estádio tal era a enchente e a loucura pelo Benfica. Foi lindo! E nestas situações apercebemo-nos que a vida passa num instante e os papéis invertem-se... ontem fui eu quem comprou os bilhetes e no final do jogo fui eu quem o transportou para casa.
Nota: os bilhetes foram comprados propositadamente para a mesma zona onde "antigamente" víamos os jogos.
Como foi um enorme prazer e um luxo ver todas as vedetas que estiveram em campo, deixo abaixo a foto de todos.
Para o Haiti desejo um voltar à normalidade o mais rápido possível.
Para o Eusébio muita saúde.
Para o meu Pai desejo... a eternidade.
AMO-TE MUITO BENFICA

1 comentário:

Carlos Machado Acabado disse...

Que saudades, de facto!
De repente, deixou de existir ali, por instantes, o próprio Tempo: sentiu-se, percebeu-se a presença absoluta, intemporal, arrebatadora da identidade colectiva impondo-se ao próprio Tempo.
O Benfica enquanto espírito cria---é!---o seu próprio Tempo, um Tempo único, interior, cíclico e sempre repetido mas, paradoxalmente, também sempre irrepetível, cultu(r)al, sentido como algo sem fronteiras e sem limites que nos une a todos, velhos e novos, ricos e pobres, aqueles de quem gostamos e os 'outros' que só no momento literalmente único da 'celebração' desportiva [e PORQUE ele existe!] toleramos, ligados todos num sentimento indefinível, inexplicável, dificilmente racionalizável, isto é, impossível de aprisionar numa equação limitadamente racional sem que, ainda assim, o benfiquismo ideal negue, se oponha ou exclua a Razão mas uma razão que é, também, de algum modo subtil e 'mágico', a sua própria razão que é, por sua vez, a da educada vibração, a do cultivado empolgamento, a da sempre civilizada exaltação ritual como uma forma única de partilha e de comunhão.
Não se trata de loucura, porém.
Não se trata de apagar a identidade de cada um numa qualquer super ou supra-identidade onde a primeira se dilua e, diluindo-se, se auto-desresponsabilize e anule.
Pelo contrário: trata--se de aquela identidade colectiva vir potenciar a de cada um, reforçando-a e reforçando nela o que há de mais genuinamente solidário e consciente; de mais civicamente consistente e responsável.
É, diria eu, uma cultura, um espaço próprio para pessoas natural e estruturalmente civilizadas que conhecem os seus próprios limites e os da emoção, do sentimento---e os empregam, sempre educada e sempre positivamente para viver e para com-viver: para converter as vivências numa convivência sempre responsável mas, mais ainda que isso, para transformar idealmente a com-vivência numa forma superior e perfeita de vivência.
De Vida.

Viva o Benfica!